terça-feira, agosto 21

Vida da Igreja - Por que ser membro importa?



por Kevin DeYoung

por Kevin DeYoung
Já me fizeram essa pergunta em numerosas ocasiões. Às vezes ela é feita com uma curiosidade genuína – “Pois me explique do que se trata isso de membresia”. Outras vezes, é dito com um tom de suspeita – “Então me conte: por que você acha que eu deveria me tornar um membro?” – como se entrar numa igreja automaticamente te inscrevesse no dízimo por depósito programado.
Para muitos cristãos, membresia soa como frieza, algo que você tem no banco ou no clube, mas que é muito formal para a igreja. Mesmo concordando que o Cristianismo não é uma religião do tipo cavaleiro solitário, que precisamos da comunhão e companheirismo com outros cristãos, ainda resistimos à ideia de oficialmente ser parte de uma igreja. Por que a dificuldade? Por que encaixotar o Espírito Santo em categorias de membro e não-membro? Por que se importar em ser parte de uma igreja local quando já sou membro da Igreja universal?
Já encontrei algumas pessoas que simplesmente não serão convencidas sobre o assunto, não importa o que você diga ou quantas vezes a palavra “membro” realmente apareça no Novo Testamento. Porém, muitas pessoas não têm dado uma atenção séria à membresia na igreja. Elas estão abertas a ouvirem uma justificativa sobre algo que não as leva a refletir muito.
Aqui estão algumas poucas razões de por que ser membro de igreja importa.
1. Ao fazer parte de uma igreja você torna visível seu compromisso com Cristo e seu povo. Tornar-se membro é uma maneira de levantar a bandeira da fé. Você afirma perante Deus e os outros que você é parte deste corpo de crentes. É fácil falar em termos radiantes sobre a igreja invisível – o corpo de todos os crentes, aqui e ali, vivos e mortos – mas é na igreja visível que Deus espera que você viva sua fé.
Algumas vezes, eu acho que nós não estaríamos clamando por uma comunidade se realmente a tivéssemos experimentado. Comunhão real demanda trabalho duro, porque muitas pessoas parecem bastante conosco – egoístas, pequenas e orgulhosas. Mas é para este corpo que Deus nos chama.
Quantas cartas de Paulo foram escritas para pessoas? Somente um pouco, e elas eram geralmente para pastores. A maioria de suas cartas foi escrita para um corpo local de crentes. Vemos a mesma coisa em Apocalipse. Jesus fala a congregações individuais em locais como Esmirna, Sardes e Laodicéia. O Novo Testamento nada diz sobre cristãos flutuando na terra do “só Jesus e eu”. Crentes pertencem a igrejas.
2. Fazer um compromisso é uma declaração poderosa em uma cultura de baixo compromisso. Muitas ligas de boliche exigem mais de seus membros que nossas igrejas. Quando isso é verdade, a igreja é um reflexo triste de sua cultura. Estamos em uma cultura consumista onde tudo é ajustado para encontrar nossas necessidades e satisfazer nossas preferências. Quando nossas necessidades não são supridas, sempre poderemos passar para o próximo produto, ou emprego ou cônjuge.
Em um ambiente como esse, entrar numa igreja gera uma declaração contracultural. Ela diz: “Eu estou comprometido com este grupo de pessoas e elas estão comprometidas comigo. Eu estou aqui mais para dar que para receber”.
Mesmo se você passar poucos anos numa cidade, não é uma má ideia fazer parte de uma igreja. Isso permite que sua igreja original (se você é um estudante) saiba que você está sendo cuidado, e permite que sua igreja atual saiba que você quer ser cuidado ali.
Mas isso não é apenas sobre ser cuidado, é sobre fazer uma decisão e continuar com ela – algo que minha geração, com seu número opressivo de escolhas, acha difícil. Nós preferimos namorar a igreja – tê-la ao lado em eventos especiais, levá-la pra sair quando a vida parece solitária, ficar perto dela num dia de chuva. Membresia é a única forma de parar de namorar igrejas e casar-se com uma. (veja o excelente livro de Joshua Harris como complemento a esse assunto).
3. Podemos ser exageradamente independentes. No Ocidente, esta é uma das melhores e piores coisas sobre nós. Somos espíritos livres e pensadores críticos. Nós temos uma ideia e corremos atrás dela. Mas quem está correndo conosco? E tem mais alguém entre nós correndo na mesma direção? Membresia declara de uma maneira formal: “Eu sou parte de algo maior que eu mesmo. Eu não sou apenas um entre trezentos indivíduos. Eu sou parte de um corpo”.
4. Ser membro nos mantém responsáveis. Quando entramos em uma igreja, estamos nos oferecendo a outros para sermos encorajados, exortados, corrigidos e servidos. Nós estamos nos colocando debaixo de líderes e nos submetendo a autoridade deles (Hb 13.17). Estamos dizendo: “Eu estou aqui para ficar. Eu quero ajudar vocês a crescerem em piedade. Vocês me ajudarão a fazer o mesmo?”.
Mark Dever, em seu livro Nove Marcas de uma Igreja Saudável escreve:
Ser membro de uma igreja é a nossa oportunidade de nos apegarmos uns aos outros com responsabilidade e amor. Por nos identificarmos com uma igreja em particular, permitimos que os pastores e outros membros daquela igreja local orem e saibam que tencionamos nos comprometer com a frequência, a contribuição, a oração e o ministério da igreja. Permitimos que nossos irmãos em Cristo tenham grandes expectativas sobre nós nestas áreas, e tornamos conhecido o fato de que estamos sob a responsabilidade desta igreja local. Asseguramos à igreja nosso compromisso com Cristo, para servir juntamente com eles; buscamos igualmente o compromisso deles, para servirem conosco e nos encorajarem.
5. Fazer parte de uma igreja ajudará seu pastor e presbíteros a serem pastores mais fiéis. Hebreus 13.17 diz: Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles”. Esta é nossa parte como “laicato”. Esta é a nossa parte como líderes: “porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas”. Como pastor, eu levo muito a sério minha responsabilidade diante de Deus do cuidado pelas almas. Em quase todo encontro dos presbíteros, como diz o Livro de Ordem da Igreja de nossa denominação, nós “procuramos determinar quais membros da congregação precisam de um cuidado especial a respeito de sua condição espiritual e/ou não estão fazendo uso fiel dos meios de graça”. Isso é muito difícil de fazer em uma igreja como a nossa, onde há constantes mudanças, mas é mais difícil ainda quando nós não sabemos quem realmente é parte do rebanho.
Para dar apenas um exemplo, nós tentamos ser diligentes em caminhar com pessoas que não estão em nossa igreja há algum tempo. Isto é um desafio. Mas se você não se tornou um membro, não podemos dizer se você realmente nos deixou, porque nós nem mesmo temos certeza se você já esteve aqui! É quase impossível para os presbíteros pastorearem o rebanho quando eles não sabem quem realmente considera-se membro.
Quando entramos em uma igreja, estamos nos oferecendo a outros para sermos encorajados, exortados, corrigidos…

6. Fazer parte de uma igreja te dá a oportunidade de fazer promessas. Quando alguém se torna membro da University Reformed Church, ele promete orar, contribuir, servir, participar da adoração, aceitar a direção espiritual da igreja, obedecer a seus ensinamentos e procurar aquilo que promove unidade, pureza e paz. Nós não fazemos essas promessas levianamente. Elas são votos solenes. E devemos sustentar uns aos outros nisto. Se você não se junta à igreja, você perde uma oportunidade de publicamente fazer essas promessas, convidando os presbíteros e o resto do corpo a sustentar você nelas – o que seria perder um grande benefício espiritual, para você, seus líderes e a igreja inteira.
Membresia importa mais do que muitas pessoas pensam. Se você realmente quer ser um revolucionário contra-cultural, procure uma classe de novos membros e junte-se à sua igreja local.
Traduzido por Josaías Jr

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