terça-feira, maio 29

10 motivos para não se juntar a uma Igreja em plantação



1. Se você está procurando a próxima atração legal na cidade (Queremos crescer pelo crescimento de conversão, não pelo crescimento de transferência de  freqüentadores de igreja).

2. Se você é um cristão e você não gosta da sua igreja atual (Você vai encontrar razões para não gostar desta igreja).
3. Se você tem um histórico ruim em igrejas de ser incorrigível e de causar problemas (Você não vai mudar aqui, você vai repetir o padrão).
4. Se você é um consumidor querendo “ir à igreja” 1x por semana para ter um bom show (Nós não somos um show dominical, nós somos uma comunidade de discípulos em uma missão).
5. Se você quer a religião (Esta igreja será construída no radical evangelho da graça).

6. Se você tem uma agenda (eu disse a vocês que somos – nossa visão, nossa missão, nossos valores – não nos curvaremos a sua agenda particular).
7. Se você é um lobo (Nós farejaremos você).
8. Se você acha que isso vai ser uma igreja linda que fica do mesmo tamanho, onde todo mundo sabe seu nome e você tem meu número de celular na discagem rápida e temos um piquenique junto a cada semana (Pela graça de Deus, queremos crescer).
9. Se você acha que isso vai ser fácil e suave (isto será duro e difícil, uma luta, uma batalha, uma missão desafiadora).
10. Se você quiser manter a sua confortável vida (Você deve perder sua vida).

Eu também compartilhei uma citação de Ernest Shakelton, do anúncio que ele usou quando recrutando homens para a sua expedição à Antártida em 1914:
Procura-se homens para uma viagem perigosa. Salários baixos, frio intenso, longos meses de completa escuridão, perigo constante, regresso em segurança duvidoso, honra e reconhecimento em caso de sucesso.


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5 duras verdades para implantadores de igrejas // Seja perseverante


5-duras-verdades

por Dustin Neeley

Implantar uma igreja é mais difícil do que você pensa. E isso não é apenas algo que os implantadores de igreja falam – é a realidade mesmo.
Ao longo dos últimos cinco anos, eu estive desapontado, desiludido e humilhado por diversas pessoas e problemas. Entretanto, pela graça de Deus, aqui estamos nós como uma igreja que não está apenas sobrevivendo, mas florescendo e plantando outras igrejas.
Um dos segredos? Persistência.
A boa e velha perseverança do evangelho.
Uma qualidade que, na minha experiência, eu tenho visto estar ausente em muitos plantadores de igreja. Muitos homens estão interessados em ter um site maneiro, um Mac, e o último livro do Driscoll, mas quantos estão dispostos a permanecer firme mesmo quando o percurso aumenta o sue grau de dificuldade? Muito poucos, eu creio que a ausência de persistência é o motivo porque tantos implantadores de igreja se apagam, envergonham ou se despendem nos primeiros cinco anos e fecham suas igrejas.
Concordando que persistência seja uma necessidade para o sucesso missional, o que podemos fazer para desenvolvermos persistência em nossas vidas?
  • Reconheça que Deus está no controle.
    Na segunda carta de Paulo ao seu aprendiz Timóteo, ele escreve “Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério” (2 Tm 4.5). Ele diz o mesmo para nós hoje. Seja disciplinado. Fique no percurso. Cumpra o seu ministério pelo poder de Deus agindo em você.
  • Aprenda a receber um murro.
    Já foi sabiamente dito que homens sábios transformam críticos em técnicos. Ao crescermos como líderes, seremos sábios se buscarmos o que há de precioso nas mais duras críticas, mesmo nas críticas mais doloridas, e procurarmos aprender com (e não repetir) os nossos erros.
  • Considere o exemplo dos que vieram antes.O “Hall da Fé” em Hebreus 11 é um baita encorajamento para implantadores de igrejas. Ver que compartilhamos da mesma missão que Abraão, Moisés, Josué e todos os outros heróis, é um grande encorajamento em tempos de dificuldades. De repente, à luz de um homem a quem foi pedido que sacrificasse seu próprio filho, ser expulso do prédio pode não parecer algo tão ruim assim.

5 duras verdades para implantadores de igrejas // Seja você mesmo

5-duras-verdades
por Dustin Neeley
Não sei nem dizer quanto tempo eu desperdicei nos cinco primeiros anos da nossa igreja me comparando com outros. Se eu pudesse pregar como Driscoll ou o Chandler ou liderar como o Darrin Patrick… As comparações eram infindáveis – e mortais.

Este tipo não-redentor de comparação é perigoso em vários níveis:

  • Primeiro, faz com que sub-valorizemos o que Deus está fazendo em nosso meio e não O adoremos de forma apropriada por sua obra soberana.
  • Segundo, abre a porta para desencorajamento ainda maior (como se já não tivesse desencorajamento o suficiente na implantação de igreja), o que é um sério risco para todas as partes envolvidas.
  • Terceiro, a comparação pode nos levar a ter expectativas irreais, o que pode levar a mais estresse e acabar intoxicando nossos relacionamentos. Tendo servido como presbítero em outra igreja bem-sucedida de nossa cidade, eu naturalmente assumi que iria fazer o que eu sabia ter funcionado lá e ver resultados semelhantes no meu contexto. Não foi o que aconteceu. Este tipo de pensamento falso negligencia as verdades óbvias de que eu não sou o líder daquela igreja, não temos os recursos daquela igreja e o nosso contexto é diferente. Esperar que duas igrejas tivessem os mesmos resultados é como esperar que um de seus filhos fosse exatamente como o outro. Nenhum de nós daria este tipo de conselho familiar, pois sabemos o tipo de disfunção que ele produziria. O mesmo é verdade na implantação de igrejas.
  • Quarto, e talvez o mais perigoso, a comparação revela nossa mais profunda idolatria. Quando nos comparamos com outros, estamos olhando para algo que não Jesus para satisfazer nossas almas, isto é, nosso próprio sucesso. Se o ministério de alcance vai bem, nos sentimos bem. Se as contribuições caírem… entramos em crise. Se nossa saúde espiritual e emocional flutuar baseada em como foi o último domingo, então nossos altos e baixos parecem indicar que estamos procurando nossa identidade em nosso cargo como implantador de igreja e não na cruz.
Então, você pode estar dizendo, “Entendi, comparação é algo ruim. Na verdade é um pecado. Mas parece ser algo quase que da natureza humana. Como posso prevenir a comparação?” Considere as seguintes opções:

Quando você for tentado a se comparar a alguém ou ao ministério de alguém:

  • Louve a Deus pelo que Ele tem feito aí. Ore pelo líder, igreja, ministério com o qual você está sendo tentado a se comparar. Peça a Deus para continuar a abençoá-los e para purificar o seu coração da inveja que sente deles.
  • Permita que a comparação exponha a sua idolatria. Muitas vezes tentamos racionalizar a gravidade do nosso pecado em nome do desenvolvimento da liderança. Mas o fato é que se estamos cobiçando os dons e o sucesso de outros, estamos em pecado e devemos nos arrepender.
  • Pregue o evangelho a você mesmo. Isso não é apenas uma frase pronta – é uma questão de vida ou morte para implantadores de igreja. Compre “Growing your Faith” (Aumentando a Sua Fé) escrito por Jerry Bridges. Estude o discipulado centrado no evangelho. Memorize trechos das Escrituras que descrevem nossa identidade no evangelho. Faça o que for necessário para substituir as mentiras do inimigo com a verdade.
Se pararmos de querer ser outra pessoa e simplesmente formos quem Deus nos fez para sermos, isso trará mais glória a Deus e nos ajudará a sermos mais efetivos no serviço às nossas cidades.

5 duras verdades para implantadores de igrejas // Pense híbrido


5-duras-verdades

por Dustin Neeley

Garotos Bons, Garotos Maus

Sim ou não? Preto ou Branco? Futebol ou Pólo?
A maioria de nós prefere um mundo no qual os garotos bons usam bonés brancos e os garotos maus usam bonés pretos, mas normalmente não é este o caso. A verdade, normalmente, se encontra em algum lugar intermediário.
Creio que o mesmo seja verdade em relação à implantação de igrejas.
No mundo de hoje onde o interesse em implantação de igrejas explodiu, muitos movimentos e denominações propagandeiam suas marcas como se elas fossem “o caminho” para se obter sucesso na implantação. Entretanto, por causa do nosso mundo caído, nenhum de nós está completamente certo sobre nenhum assunto.

Além disto, implantadores de igrejas são conhecidos por rotularem uns aos outros. Em qualquer reunião, não é incomum ouvir os caras perguntando um ao outro, “Então, você é um seguidor do Piper ou do Andy Stanley?” ou então “Você crê nas igrejas nos lares ou nas grandes igrejas?”. Ao ter este tipo de questões respondidas, nós imediatamente formamos uma opinião sobre o nosso irmão e a “legitimidade” do ministério dele à luz de nossas próprias pressuposições, e consequentemente colocamos em dúvida qualquer coisa que possa vir a dizer.
Eu creio que as Escrituras colocam limites apropriados para o que é e o que não é aceitável em nome do ministério evangélico. E todos nós poderíamos debater sobre a legitimidade de se colocar um tanque no palco para se ilustrar um ponto do sermão. Mas meu medo é que gastemos tempo de mais tentando descobrir a que “tribo” nós pertencemos e acabemos falhando na tarefa de ouvirmos e aprendermos com tribos que não sejam as nossas. Com certeza você pode discordar de alguns elementos do ministério de outro pastor, mas será que isso significa que qualquer coisa que venha deste ministério deva ser automaticamente descartada devido à sua origem?

Pense Híbrido

Eu gostaria de te encorajar a tomar um caminho diferente: PENSE HÍBRIDO.
Dictionary.com define “híbrido” como “qualquer coisa derivada de fontes heterogêneas, ou composta de elementos de tipos diferentes. Por exemplo, um híbrido do mundo acadêmico e dos negócios”
Eu creio que podemos aplicar de forma efetiva este tipo de pensamento em quase todas as áreas da vida e do ministério – da contextualização, metodologia e filosofia de ministério à pregação e pequenos grupos. “Pensar híbrido” é beber de poços diversos ao invés de beber de apenas um. Assim, podemos maximizar os pontos fortes de nossos heróis enquanto minimizamos suas fraquezas, ao invés de as reproduzirmos em nossos ministérios.
Poe exemplo, meu próprio método de implantação de igreja foi influenciado por todo mundo, desde Mark Driscoll a John MacArthur passando por Andy Stanley, Mark Dever e Neil Cole. Estes são nomes que normalmente você não ouve na mesma frase, a menos que a frase também inclua as palavras “em uma jaula de ferro enfrentamento mortal”, mas todos estes irmãos têm algo para nos ensinar e nós seríamos sábios se considerássemos e guardássemos seus conselhos.

Seja Humilde e Aprenda com Outros

Para caminhar em direção do “pensar híbrido”, eu quero te encorajar as seguintes disciplinas:

1. Leia e ouça de forma ampla.

Implantadores de igrejas e pastores tendem a ouvir apenas aqueles com quem eles concordam. Isso pode parecer gratificante no começo, mas pode acabar por abafar a criatividade e reproduzir no seu ministério o mesmo tipo de “pontos cegos” presentes no ministério dos nossos heróis. Seja corajoso. Leia um livro ou subscreva a um podcast de alguém que esteja fora da sua tribo para ver o que Deus pode te ensinar. Leve o que você puder e deixe o resto para trás. Ao fazer isso, deixe o processo moldar suas convicções e pensamentos.

2. Faça amizade com alguém de outra “tribo”

Uma coisa é discordar de um livro escrito por alguém que você não conhecerá até se encontrarem no céu, outra coisa é tomar café da manhã com esse cara. Marque um café da manhã com um cara na sua cidade que você saiba não é como você, e veja o que Deus pode te ensinar através deste encontro.

3. Seja humilde.

5 duras verdades para implantadores de igrejas // Mate seu estresse


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por Dustin Neeley

Pronto Socorro

No dia de Natal de 2006 eu recebi um presente diferente – fui parar no pronto Socorro.
Minha querida esposa sentou-se quita e pensativa no canto, enquanto meus dois filhos rastejavam no chão do OS. Médicos e enfermeiras me espetaram como uma almofada de alfinetes enquanto faziam uma bateria de exames de sangue e outros exames. Eles acharam que fosse a minha vesícula que estivesse revoltada. A dor continuou por dias.

Uma semana depois me mandaram fazer um ultrasom. Eu me senti mais como uma mulher grávida do que como o implantador de igrejas a prova de balas que eu pensei que eu era.
Quando a poeira baixou, o problema não era minha vesicular. Era estresse.

Estresse Mata

Estresse mata muitos casamentos, ministérios e os homens que os lideravam; ele estava a ponto de me matar. E se você não matar o estresse, ele acabará te matando. O Site WebMDaponta que 75 a 90 por cento de todas as consultas médicas são por reclamações e doenças relacionadas ao estresse. A mortalidade do estresse é uma realidade para o típico implantador de igreja.

4 Passos para Matar o Seu Estresse.

Mate o seu estresse antes que ele te mate. Aqui vão quatro maneiras:

1. Viva a sua Bíblia.

“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal”. (Mateus 6.33-34).
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus.” (Filipenses 4.6-7).
“O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada.” (Salmo 115.3).
Nós cremos nessas passagens. Nós as ensinamos. Mas sera que nós as vivemos? A realidade é que a maioria nós não as vive.
Em tempos de estresse, medite especificamente em passagens que te lembram a verdade e não a sua realidade percebida. Procure pelos pecados por trás do pecado de você não conseguir relaxar – pecados como controle, descrença, ou o seu valor baseado na sua identidade como implantador de igreja. Ao ver a discrepância entre o que você crê e o que você vive, confesse, arrependa-se e ore pedindo a ajuda de Deus.
Faça do viver a (e não apenas crer na) bondade do evangelho o seu alvo.

2. Ouça o seu corpo.

Sabe aquela queimação no seu peito acima da barriga? Então, ela não deveria estar lá! Este, e outros sintomas, são os instrumentos “instalados por Deus” para que o seu corpo te diga para diminuir e confiar nele. Ouça os sinais do seu corpo, e deixe que eles sejam um lembrete para confiar sua vida, família e igreja a Deus. Você não quer que outra pessoa crie os seus filhos. Se seu corpo está te mandando diminuir, diminua.

3. Ouça sua esposa e filhos.

Se você é casado, sua esposa deve ser sua maior aliada na sua constante luta contra o estresse. É muito provável que ela e seus filhos (se você os tiver) serão as pessoas que Deus usará para te fazer rir, ir pra cama, tirar um dia de folga. Se seus filhos fazem comentários perguntando por que o papai está tão cansado ou bravo, os ouça e mude.

4. Aprenda os seus limites.

5 duras verdades para implantadores de igrejas // Lidere bem sua família

5-duras-verdades
veja a relação das 5 duras verdades para implantadores de igrejas
por Dustin Neeley

Eu estava deitado no chão, empurrando Tomas, a locomotiva [1], em torno de sua pista de madeira e percebi que meu filho de dois anos estava conversando comigo durante os últimos 30 segundos, mas eu não havia escutado uma palavra do que ele tinha dito. Em vez disso, eu estava muito preocupado pensando sobre a igreja  — momentos preciosos que foram, para nunca mais voltar. Outros plantadores de igrejas, pastores ou líderes de ministério conseguem se identificar? Eu sabia. Todos nós conhecemos as histórias trágicas de esposas e filhos de pastores e plantadores de igrejas que crescem odiando a igreja. A maior tragédia é que eu acredito que a maioria destas histórias nunca deveria ter sido contada. Em vez disso, as histórias existem porque o líder da casa está falhando em conduzi-la bem.

Três Verdades Desafiadoras

Aqui estão algumas verdades que eu espero que o desafie a liderar fortemente sua família enquanto sendo um plantador de igreja ou pastor:
1. A igreja pode ter outro pastor, mas seus filhos não podem ter outro pai. Gostando ou não, nós só temos uma chance de educar nossos filhos. Eu converso o tempo todo com pais, que lamentam a sua ausência durante os anos de formação de seus filhos por trabalharem demais. Mesmo que isso aconteça muitas vezes com pastores, não deveria ser assim. Nossas credenciais bíblica para o ministério lidam principalmente com a forma como conduzimos nossas famílias e nosso próprio caráter, e não com quão eficaz estamos no ministério. E lembre-se, ninguém chegará ao final de sua vida dizendo: “Eu gostaria de ter passado mais tempo trabalhando no meu blog.” Seja a exceção, não a regra.
2. A igreja pode ter outro pastor, mas sua esposa só tem um marido — e ela precisa de um bom. Muitas vezes, nossas esposas tomam o impacto da pancada de nossos ministérios: elas nos mantém inteiros, ouvem nossas queixas e ouvem a queixa dos outros sobre nós e experimentam a angústia de como lidar com isso de uma forma centrada no evangelho. Ouça de alguém que muito falhou antes nesta área: faça o máximo possível para estabelecer limites claros entre a igreja e o lar, e, frequentemente, verifique se ela gosta ou não de ser parte da igreja. Se ela não quer frequentar a igreja onde você é o pastor, então isso é um problema que você precisa lidar.
3. Um dia de folga não é apenas uma boa ideia. É essencial. Uma folga semanal é tão especial em nosso lar como um cartão de basebol de 1910 do Honus Wagner. É o dia que nos divertimos, comemos comida chinesa em um shopping, e não conversamos sobre a igreja. Nossa igreja sabe sobre a “folga semanal” porque eu a menciono nos sermões, programa tudo em torno dela, e, a menos que alguém esteja sangrando na sua cozinha, não a violo. Meu ministério e minha família são muito importantes. Escolha um Sabbath, o mantenha  e lute por ele. Sua alma e sua família vai agradecer. Nunca se esqueça: O primeiro rebanho que você lidera não é aquele que se reúne aos domingo, mas aquele que vive em sua casa. Você está os conduzindo bem?


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Jonathan Edwards: o peso da glória e risos no Espírito


Jonathan Edwards (1703 – 1758) é considerado um dos maiores teólogos estadunidenses. Autor do famoso sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, Edwards foi testemunha ocular do Grande Avivamento nos EUA nas décadas de 1730 e 1740, na região da Nova Inglaterra, e produziu obras de valor imensurável que nos transmitem, com riqueza de detalhes, as manifestações espirituais que acompanharam o avivamento:
Jonathan Edwards
Era maravilhoso ver como as emoções das pessoas eram tocadas – quando Deus repentinamente abria seus olhos, e permitia que a grandeza de sua graça penetrasse suas mentes, a plenitude de Cristo e seu desejo em nos salvar … tal surpresa fazia com que seus corações quase saltassem do peito, de maneira que muitos rompiam em gargalhadas e rios de lágrimas misturadas com altos prantos. Às vezes, não podiam se conter e clamavam em alta voz, expressando sua admiração.
[...]
Algumas pessoas nutriam um desejo pela presença de Cristo a tal nível que perdiam suas forças naturais. Alguns eram dominados pela percepção do amor sacrificial de Cristo por criaturas tão pobres, perversas e indignas, a ponto de perderem as forças de seus corpos. Várias pessoas tiveram uma percepção tão grande da glória de Deus e da excelência de Cristo, que a natureza e a vida pareciam desvanecer. Provavelmente, se Deus tivesse lhes manifestado um pouco mais de sua presença, seus corpos teriam sido dissolvidos …
Muitos jovens pareciam estar em êxtase diante da grandeza das coisas divinas, enquanto muitos outros eram tomados pelo desespero com relação ao seu estado pecaminoso, e tudo o que se via no lugar eram pessoas chorando e desmaiando; muitos perdiam suas forças e permaneciam ali por horas.
[...]
Era comum ver prantos, desmaios, convulsões em agonia e gozo. Algumas pessoas eram tão afetadas que seus corpos perdiam as forças, e elas acabavam pernoitando na igreja. Houve casos de pessoas que entraram em uma espécie de transe, permanecendo imóveis por vinte e quatro horas, desprovidas de seus sentidos, mas ao mesmo tempo sob fortes impressões espirituais, como se tivessem ido ao Paraíso e tido visões de coisas gloriosas e agradáveis.
Compilado das obras de Jonathan Edwards ‘The Great Awakening’ (pp. 547, 550) e ‘A Narrative of Surprising Conversations’ (pp. 37-38, 45). Traduzido por @paoevinho.

Martyn Lloyd-Jones e a “desordem divina”


Martyn Lloyd-Jones (1899-1981) é considerado por muitos uma das vozes cristãs mais respeitadas na Igreja do século XX. Por quase 30 anos, ele ministrou na Westminster Chapel de Londres e foi um dos principais opositores da teologia liberal que ameaçava o Cristianismo em sua geração. Em sua obra ‘Revival’ (Avivamento), Lloyd-Jones aborda a questão das manifestações espirituais presentes em avivamentos.
Martyn Lloyd-Jones
Isso acontece nos avivamentos, e nos deixa intrigados: uma estranha mistura entre uma grande convicção de pecados e grande alegria, uma sensação tremenda de terror diante do Senhor, e ao mesmo tempo ação de graças e louvor. Um avivamento sempre é acompanhado de algo chamado “desordem divina.” Alguns agonizam e gemem sob convicção de pecados e outros louvam a Deus por tão grande salvação. [...]
Falemos agora a respeito de uma questão delicada: a dos chamados “fenômenos” que algumas vezes se manifestam nos avivamentos. Novamente digo que há muita variação aqui. Algumas vezes, um avivamento se manifesta de forma poderosa e mesmo assim se dá de forma mais ou menos tranqüila. É marcado por emoções profundas. Pessoas se convertem em grandes números, mas de forma tranqüila. Mas nem sempre é assim.
Na verdade, é quase uma regra dos avivamentos que tais fenômenos se manifestem: homens e mulheres que não somente são convencidos de seus pecados, mas que são tomados por uma agonia com relação ao seu pecado. Eles não somente enxergam que são pecadores e que precisam crer no Salvador, mas tal convicção vem sobre eles ao ponto de enfermá-los fisicamente. Eles entram literalmente em agonia de alma. [...]
As pessoas estão em agonia de alma e gemem. Às vezes, choram copiosamente e agonizam de forma audível. Mas o processo nem sempre termina aí. Às vezes, as pessoas são tomadas de tal convicção de pecados e sentem o poder do Espírito de tal maneira que desmaiam e caem no chão. Às vezes, há até mesmo convulsões, convulsões físicas. E às vezes, as pessoas parecem perder seus sentidos, entrando em uma espécie de transe, permanecendo neste estado por horas.
Bem, tudo o que mais desejo neste momento é lembrá-los dos fatos. Eles variam. Estes fenômenos podem estar presentes ou não, mas geralmente, você verá coisas deste tipo em avivamentos. [...] Estes fenômenos não são essenciais para um avivamento. Devemos sempre nos lembrar disso. Podemos ter avivamento sem estes fenômenos, mas é correto dizer que, geralmente, tais fenômenos tendem a estar presentes em avivamentos.
Extraído da obra de Martyn Lloyd-Jones ‘Revival’- pp. 103, 110-111, 134. Traduzido por@paoevinho.

George Whitefield – surpreendido pelo Espírito



George Whitefield
George Whitefield (1714 – 1770) foi contemporâneo de John Wesley e juntamente com ele foi um dos instrumentos que Deus usou para trazer avivamento a sua geração. Whitefield pregou aproximadamente umas 20 mil vezes a mais de dez milhões de pessoas.
Whitefield, assim como Wesley, mantinha um diário pessoal no qual registrou suas experiências. Em seus relatos, ele registra os mesmos fenômenos que John Wesley testemunhou em seu ministério: pessoas desmaiando e caindo no chão, algumas louvando, outras gritando, umas clamando, e outras tomadas por fortes convulsões.
Ironicamente, tais fenômenos começaram a se manifestar em seu ministério depois que Whitefield procurou Wesley para admoestá-lo por permitir tais manifestações. Wesley, em seu diário, registra esta conversa entre os dois.
“Não posso concordar com o fato de você dar tanto apoio a estas convulsões em suas reuniões”, disse Whitefield a Wesley. Em seu diário, Wesley escreve que as objeções de Whitefield às manifestações “estavam fundamentadas em fatos terrivelmente distorcidos. Mas no dia seguinte, ele teve a oportunidade de se esclarecer melhor: tão logo começou a convidar os pecadores a crerem em Cristo, quatro pessoas caíram perto dele, quase ao mesmo tempo. O primeiro perdeu os sentidos e ficou imóvel. Um segundo tremia intensamente. O terceiro tinha fortes convulsões por todo seu corpo, e não fazia nenhum ruído, só gemia. O quarto, também convulsionava e clamava a Deus em altos choros e lágrimas.”
Diante da resistência inicial de Whitefield, uma irmã chamada Lady Huntington escreveu a Whitefield a respeito dos clamores e quedas que ocorriam durante as reuniões, aconselhando-o a não proibir as manifestações, como já havia feito. “Você está cometendo um erro enorme. Não queira ser mais sábio do que Deus. Deixe as pessoas clamar, pois lhes fará muito melhor do que as suas pregações”, escreveu Lady Huntington.
Diante das manifestações que ironicamente seguiram o ministério de Whitefield, Wesley conclui: “Acho que agora todos nós teremos que pagar o preço por fazer a obra de Deus da maneira que lhe agrada.”

John Wesley e a “extravagância” do Espírito


Em seu diário, John Wesley comenta sobre certas manifestações espirituais que acompanharam seu ministério. As seguintes palavras foram escritas no mes de novembro de 1759, na cidade de Everton, Inglaterra, onde o avivamento metodista foi acompanhado por fenômenos como visões, gritos, convulsões, quedas e “transes” no Espírito:
John Wesley
O perigo era atribuir demasiado valor às circunstâncias extraordinárias tais como gritos, convulsões, visões e transes,1 como se estas coisas fossem essenciais na obra de transformação interior, de tal forma que tal obra não pudesse acontecer sem tais manifestações. Talvez o perigo esteja em atribuir-lhes muito pouco valor, em condená-las de forma generalizada, em pensar que nelas não havia nada de Deus e vê-las como um obstáculo na concretização de Sua obra.
A verdade é que Deus, de forma repentina e profunda, convenceu a muitos de que eles estavam perdidos em seus pecados. A consequência natural de tal convicção era gritos repentinos e fortes convulsões. Para fortalecer e encorajar aqueles que creram, e para tornar sua obra ainda mais aparente, ele concedeu sonhos divinos a alguns, transes e visões a outros.
Em alguns casos, com o passar do tempo, a carne se misturava à graça. Igualmente, Satanás falsificou estas manifestações de Deus para desacreditar a obra como um todo; mesmo assim, não é sábio desqualificar este aspecto do ministério do mesmo modo como não podemos desqualificar o ministério como um todo.
Sem dúvida nenhuma, no começo tais manifestações eram totalmente de Deus. Em parte, até hoje continuam sendo, e Ele nos dará discernimento, de caso em caso, para saber até que ponto tal obra é pura e em que ponto ela se contamina e se degenera.

Quando Linguas e Profecias Finalmente Cessarão



É proibido profetizar ou falar em linguas
É proibido profetizar ou falar em linguas
Como apontei em A Ironia Cessacionista, ninguém que leia somente a Bíblia (Sola Scriptura) poderá chegar a conclusão de que os dons espirituais cessaram. O cessacionismo (que tão veementemente ostenta a bandeira do Sola Scriptura) precisa incorporar elementos extra-bíblicos à sua teologia, para somente assim poder sustentar seu postulado.
O cessacionismo não é doutrina bíblica, é somente um conceito filosófico imposto ao texto bíblico. Não fazia parte do didaque apostólico e nem mesmo dos Pais da Igreja. É somente o mau fruto do declício que a Igreja sofreu ao longo dos séculos – processo em que a espontaneidade carismática que marcou a Igreja dos primeiros discípulos foi gradualmente desaparecendo e dando lugar às rígidas liturgias conduzidas por clérigos profissionais.
Um dos poucos versos bíblicos usados pelo cessacionismo que aborda a questão do carisma de forma direta é 1 Corintios 13:8-10 que diz:
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.
Os cessacionistas se utilizam deste verso para dizer que linguas e profecias cessariam com a manifestação daquilo que é perfeito.1 E o “perfeito”, de acordo com esta filosofia, é a formação do cânon das Escrituras. Assim, reza o postulado cessacionista que uma vez que já temos as Escrituras, não precisamos mais de profecias ou línguas.
Há dois problemas com esta interpretação. O primeiro problema é que se supormos que no tempo da redação de 1 Cor 13:8-10 “eles viam em parte” porque “o perfeito” (i.e. o fechamento do cânon bíblico) ainda não havia se manifestado, teremos que subscrever à implícita idéia de que nosso nível de revelação do Evangelho é maior do que o do que os apóstolos originais obtiveram – incluindo Paulo, o autor do texto acima – uma vez que “eles viam em parte, mas nós já temos a revelação (o cânon) completa.” Particularmente não conheço nenhum irmão conservador que esteja disposto a afirmar isso de um púlpito, o que já demonstra o paradoxo deste postulado. Em segundo lugar, sabemos que as Escrituras são nosso guia, mas nem todos os livros do mundo seriam capazes de conter toda a revelação de Deus, e que há coisas que somente nos serão reveladas quando o contemplar-mos face a face (Dt 29:29, Jo 21:25). E, na verdade, é a isso que este texto de Corintios se refere.
Em nenhum momento o texto se refere ao fechamento do cânon. O verso 12 do mesmo capítulo nos esclarece exatamente o que é “o perfeito” que há de vir:
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. (grifos acrescentados)
Paulo nos esclarece “o perfeito” é conhecer a Deus e vê-lo face a face, conhecendo-o da mesma forma que somos conhecidos por Ele. Na época de Paulo, os espelhos eram feitos de metais polidos (como bronze ou cobre) que davam como reflexo uma imagem obscura, uma espécie de penumbra. Não refletia uma imagem clara e nítida como nos dias atuais. Essa é a imagem de Deus que possuímos hoje: vemos em parte, conhecemos Deus em parte e ainda não o contemplamos face a face. Profecias e linguas fazem parte deste contexto, porque nos ajuda a discerninr e conhecer melhor o coração de Deus em tempos em que o “conhecemos parcialmente.” Na verdade, o “perfeito” a que se refere Paulo é a mesma coisa que João descreve em 1 Jo 3:2:
Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos.
No desfecho da profecia acima, e não antes disso, obviamente linguas e profecia se tornarão desnecessárias, pois estaremos contemplando Deus face a face. Mas até que que seja “manifesto o que havemos de ser”, até que “Ele se manifestar”, poderemos contar com os dons espirituais que Deus deu a sua Igreja, sem nos preocuparmos com a data de expiração de certas Escrituras do cânon.
NOTA
[1] Continuístas e cessacionistas concordam que línguas e profecias, na passagem em questão, são dons representativos e não exclusivos. Em outras palavras, são exemplos dados por Paulo, para ensinar que todos os outros dons sobrenaturais, como cura e operação de milagres, cessarão quando o que é perfeito se manifestar. A discordância se dá quanto ao tempo desta cessação, que é o que procuro expor de forma exegética neste texto.

© Pão & Vinho
Este artigo está sob a licença de Creative Commons e pode ser republicado, parcial ou integralmente, desde que o conteúdo não seja alterado e a fonte seja devidamente citada:http://paoevinho.org.

A Ironia Cessacionista



É proibido profetizar ou falar em linguas
"É proibido profetizar ou falar em linguas"
Para quem não está familiarizado com o termo, “cessacionista” é aquele que crê que certos dons espirituais como linguas, profecia, cura e milagres cessaram com a morte dos primeiros apóstolos. Esta linha teológica se propõe a refutar a validade dos dons espirituais (no gregocarisma) listados nas Escrituras para os dias de hoje.
Como ex-batista e leitor de cessacionistas como John MacArthur (autor de O Caos Carismático e do artigo aqui publicado intitulado O Âmago da Verdadeira Ética), tenho o maior respeito por estas pessoas. Em tempos em que a Igreja está sendo infestada pelo liberalismo teológico, precisamos do sólido Fundamento que estes irmãos pregam, que é Cristo crucificado, e de sua ênfase na inerrância das Escrituras. Em momento nenhum questiono sua fé, devoção ou sinceridade diante do Senhor. No entanto, quando o assunto é dons espirituais, os conservadores deixam a desejar. Apesar de seu forte apelo intelectual, o cessacionismo se embasa em frágeis postulados que não se sustentam diante de um exame minucioso das Escrituras.
O cessacionismo é fruto de um gradual declínio histórico da Igreja (que culminou no Milênio das Trevas), não é um ensinamento apostólico. Não é bíblico.
Se trancássemos uma pessoa em um quarto de seis meses a um ano e lhe déssemos uma Bíblia para ler, no fim deste período, quando saísse do quarto, esta pessoa estaria crendo na validade e no exercício de dons carismáticos como linguas, profecia e cura. Absolutamente ninguém que leia somente a Bíblia (Sola Scriptura) chegará à conclusão de que os dons espirituais cessaram. Toda e qualquer especulação quanto ao fim do carisma não é embasada nas Escrituras, e sim em uma tradição anti-carismática que se cristalizou na Igreja ao longo dos anos, na História pós-canônica.
Esta é a ironia cessacionista: se você confrontar um conservador usando 1 Corintios 14:39, onde encontramos o mandamento apostólico de “não proibais o falar em línguas”, ouvirá de sua boca que esta Escritura já não vale para os dias de hoje. Se um carismático vai na TV e diz que algum outro trecho das Escrituras já não é válido para os dias atuais, os conservadores entoarão em coro a palavra “herege”. No entanto, por alguma razão, os mesmos conservadores pensam que podem cometer a mesma atrocidade.
Ironicamente, os cessacionistas são os primeiros a colocarem data de expiração em certas Escrituras, e depois criticam os cristãos liberais que defendem o homossexualismo utilizando-se da mesma prática.
É irônico que os conservadores com orgulho entoem a bandeira do Sola Scriptura, mas precisem incorporar elementos extra-bíblicos da tradição humana em sua teologia, para somente assim poder sustentar o postulado cessacionista.
Ironicamente, os conservadores criticam os católicos por sua devoção ao papa, mas abraçam os extremos anti-carismáticos dos reformadores, chamando de herege qualquer um que não reze a apostila doutrinária de Calvino ou Lutero.

Teologia Empírica

Ironicamente, os conservadores criticam aqueles que embasam sua ortodoxia na experiência de seus cinco sentidos ao invés de fundamentá-la nas Escrituras. Entretanto, adotam um sistema fechado de crenças que, na questão do carisma, não se fundamenta nas Escrituras mas somente na má experiência de viver na estiagem da era pós-moderna (em que o sobrenatural é raro), ou na má experiência de testemunhar as meninices de alguns ícones no meio carismático (como Benny Hinn e Cia Ltda).
De fato os carismaníacos não são os melhores agentes de Relações Públicas a favor da validade e do livre exercício do carisma na Igreja, mas não obstante, as Escrituras nos dão testemunho daquilo que é verdadeiro. Excessos devem ser tratados com cuidado pastoral, a exemplo do que fez Paulo em Corinto, mas jamais com ceticismo.
Eliminar a prática dos dons espirituais de nossa ortodoxia por causa dos abusos carismáticos é tão imprudente quanto o médico que manda amputar o pé de seu paciente por causa de uma unha encravada.

A Receita do Pastor com Sucesso // Paul Tripp

Estou convencido de que muitos dos problemas no ambiente pastoral resultam de uma definição nada bíblica dos ingredientes essenciais do sucesso para o ministério. É claro que muitos futuros candidatos esperam uma "vibrante caminhada com o Senhor", mas essas palavras ficam geralmente desfiguradas através de um processo que faz poucas perguntas nesta área e espera grandes respostas. Estamos realmente interessados em conhecimento (teologia correta), capacidade (boa pregação), filosofia ministerial (edificação da igreja), e experiência (é o seu primeiro pastorado?). Já ouvi de líderes da igreja, em momentos de crise pastoral, dizer muitas vezes: "Não conhecemos o homem que contratamos."
  O que significa conhecer o homem? Significa saber qual é a verdadeira condição do seu coração - até onde seja possível. Do que ele realmente gosta, e o que despreza? Quais são suas esperanças, sonhos, temores? Quais são os desejos profundos que o entusiasmam ou o paralisam? O que ele pensa de si mesmo? Até que ponto está aberto à confrontação, a critica e ao encorajamento? Até que ponto está comprometido com a santificação?
Ate que ponto está aberto às tentações, fraquezas e fracassos? Até que ponto está preparado para ouvir e condescender com a sabedoria dos outros? Ele considera o ministério pastoral um projeto comunitário? Tem um coração manso, submisso? É simpático e hospitaleiro, é um pastor e está disposto para com aqueles que estão sofrendo? Que qualidades de caráter sua esposa e filhos costumam usar para descrevê-lo? Ele aplica a si mesmo as suas pregações? Seu coração se comove e sua consciência costuma se entristecer quando olha para si mesmo no espelho da Palavra? Até que ponto sua vida devocional é robusta, consistente, alegre e vibrante?
  O seu ministério flui com a emoção de sua comunhão devocional com o Senhor? Ele se atém a padrões elevados, ou se acostuma com a mediocridade? É sensível à experiência e às necessidades das pessoas que o ajudam no ministério? Personifica o amor e a graça do Redentor? Ignora pequenas ofensas? Está pronto a perdoar?  É crítico e costuma julgar os outros? Que diferença ele apresenta entre o pastor na igreja e o marido e pai em casa? Ele cuida do seu físico? Intoxica-se com a mídia ou a televisão? Como ele completaria esta sentença: "Se ao menos eu tivesse..........."?  Que sucesso tem no pastoreio da congregação que consiste da sua família?


A Verdadeira Condição do Coração do Pastor


O ministério do pastor nunca é apenas formado por sua experiência, conhecimentos e capacidade. Sempre se trata da verdadeira condição do seu coração. Na verdade, se o seu coração não estiver bem colocado, o conhecimento e a capacidade o tornam perigoso.
 Os pastores geralmente lutam para encontrar uma comunhão viva, humilde, dependente, celebratória, adoradora, meditativa com Cristo. É como se Jesus tivesse abandonado o edifício. Há todo tipo de conhecimento e capacidade de ministério, mas parece divorciado de uma comunhão viva com o Cristo vivo e sempre presente. Toda esta atividade, conhecimentos e capacidade parecem receber combustível de outro lugar. O ministério se torna chocantemente impessoal. Contém conteúdo teológico, capacidade exegética, compromissos eclesiásticos e avanços institucionais. É uma preparação para o próximo sermão, atender o próximo item da agenda, e cumprir os requisitos de abertura da liderança. Trata-se de orçamentos, planos estratégicos e parcerias de ministério.
Nenhuma dessas coisas é errada em si mesma. Muitas delas são essenciais. Mas nunca devem constituir fins em si mesmos. Nunca deveriam ser a máquina que impele o veículo. Devem todas expressar alguma coisa mais profunda no coração do pastor.
  O pastor deve estar interessado, deslumbrado, apaixonado pelo seu Redentor de maneira que tudo o que pensa, deseja, escolhe, decide, diz e faz é impelido pelo amor a Cristo e a segurança do repouso no amor de Cristo. Ele deve se expor regularmente, humilhar-se, assegurar-se e repousar na graça do Redentor. Seu coração deve amolecer dia a dia pela comunhão com Cristo de maneira que se torne um servo-líder amoroso, paciente, perdoador, encorajador e doador. Suas meditações sobre Cristo, sua presença, suas promessas e suas provisões não devem ser sobrepujadas por suas meditações sobre como fazer o seu ministério funcionar.


Proteção Contra Todos os Outros Amores

Apenas o amor a Cristo pode defender o coração do pastor contra todos os outros amores que têm o potencial de seqüestrar o seu ministério. Apenas a adoração a Cristo tem o poder de protegê-lo de todos os ídolos sedutores do ministério que sussurram aos seus ouvidos. Apenas a glória do Cristo ressuscitado vai guardá-lo da glória pessoal que tenta e destrói o ministério de tantos.
  Apenas Cristo pode transformar um seminarista graduado, arrogante, materialista em um doador humilde e paciente da graça. Apenas gratidão profunda por um Salvador sofredor pode transformar um homem em servo sofredor no ministério. Apenas um quebrantamento diante do seu próprio pecado pode desenvolver graça para com indivíduos rebeldes entre os quais Deus o chamou para ministrar. Apenas quando sua identidade estiver firmemente enraizada em Cristo você poderá descobrir a liberdade de buscar a identidade no seu ministério.
  Devemos ter o cuidado de definir capacidade ministerial e maturidade espiritual. Há o perigo de se pensar que os seminaristas formados que foram bem treinados e bem instruídos estão preparados para o ministério, ou achar que conhecimento, atividade e capacidade para o ministério é maturidade espiritual pessoal. A maturidade é uma coisa vertical que se expressa horizontalmente numa variedade extensa. A maturidade se refere ao relacionamento com Deus que resulta em uma vida sábia e humilde. A maturidade do amor a Cristo expressa-se no amor ao próximo.
  A gratidão pela graça de Cristo se expressa na graça para com os outros. A gratidão pela paciência e o perdão de Cristo capacita-nos a sermos pacientes e perdoadores. A experiência diária da salvação do evangelho dá-nos paixão pelas pessoas que estão experimentando a mesma salvação. É a terra em que o verdadeiro sucesso ministerial se desenvolve.


Traduzido por: Yolanda Krievin
Editor: Tiago Santos
Copyright © Paul Tripp
Copyright © Editora FIEL 2012

Fruto é o que o Senhor deseja! – C. H. Spurgeon




O Salvador, quando chegou até à figueira, não estava desejando folhas; porque lemos que Ele teve fome, e a fome humana não pode ser removida pelas folhas de uma figueira. Desejava comer alguns figos; e Ele anseia por receber frutos de nós, também. Ele sente fome de termos santidade: Ele anseia para que o Seu gozo esteja em nós, para que o nosso gozo seja completo. Ele Se aproxima de cada um de vocês que são membros da Sua Igreja, e especialmente de cada um de vocês que são líderes do Seu povo, e procura ver em vocês as coisas em que a Sua alma se deleita.

Ele quer ver em nós o amor a Ele mesmo, o amor ao nosso próximo, a fé forte na revelação, a luta sincera a favor da fé que uma vez foi entregue aos santos, os rogos importunos na oração, e o viver cuidadoso em todas as áreas da nossa existência. Espera de nós ações que são de acordo com a lei de Deus e com a mente do Espírito de Deus; e se Ele não as receber, estará sendo privado daquilo que Lhe é devido. Para que Ele morreu, senão para tornar santo o Seu povo? Para que Ele Se entregou, senão para santificar para Si um povo zeloso de boas obras? Qual foi a recompensa do suor sanguino¬lento das cinco feridas e da agonia da morte, senão que por tudo isso fomos comprados por um preço? Nós O despojaremos da Sua recompensa se não O glorificarmos, e por isso o Espírito de Deus fica entristecido diante da nossa conduta se não proclamarmos os Seus louvores por meio de nossas vidas piedosas e zelosas.

E notem bem quando Cristo Se aproxima de uma alma Ele a examina com discernimento agudo. DEle não se zomba. Não é possível enganá-lo. Já pensei ser figo aquilo que acabou se revelando mera folha — mas nosso Senhor não comete nenhum engano assim; nem deixará desapercebidos os figos pequenos, que acabam de brotar. Ele conhece o fruto do Espírito, seja em que estágio este se achar; Ele nunca confunde a expressão fluente com a possessão real no coração, nem a graça real com a mera emoção. Amados, vocês estão em boas mãos quanto à prova da sua condição quando o Senhor Jesus vem lidar com vocês. Seus companheiros são apressados em seus julgamentos, e podem ser censuradores, ou parciais; mas o Rei pronuncia uma sentença justa. Ele sabe exatamente onde estamos, e o que somos; julga, não segundo a aparência, mas segundo a verdade. Quem dera que nossa oração subisse ao céu nesta manhã: "Jesus, Mestre, vem lançar Teu olhar perscrutador sobre mim, e julga se estou vivendo para Ti, ou não! Conceda-me que eu veja a mim mesmo conforme Tu me vês, a fim de que meus erros sejam corrigidos, e minhas graças nutridas. Senhor faça com que eu seja realmente aquilo que professo ser; e se ainda não o sou, convença-me da minha falsa condição, e comece uma obra genuína na minha alma. Se eu sou Teu, e se estou certo aos Teus olhos, conceda-me uma palavra bondosa de segurança para cessar os meus temores, e alegremente me regozijarei em Ti como o Deus da minha.