segunda-feira, março 26

Vós sois o sal do mundo! - John Stott (1921-2011)


A afirmação é direta: "Vós sois o sal do mundo". Isto significa que, quando cada comunidade se revela tal como é, o mundo se deteriora como o peixe ou a carne estragada, enquanto que a Igreja pode retardar a sua deterioração.


É claro que Deus estabeleceu outras influências restringentes na comunidade. Em sua graça comum, ele mesmo estabeleceu certas instituições, que controlam as tendências egoístas do homem e evitam que a sociedade acabe na anarquia. A principal delas é o Estado (com a sua autoridade de estruturar e executar leis) e o lar (incluindo o casamento e a vida em família). Este: exercem uma influência sadia sobre a comunidade. Não obstante, Deus planejou que a mais poderosa coibição de todas, dentre da sociedade pecadora, fosse o seu próprio povo redimido, regenerado e justificado. Como R. V. G. Tasker o explicou, os discípulos são "chamados a ser um purificador moral em um mundo onde os padrões morais são baixos, instáveis, ou mesmo inexistentes."



A eficácia do sal, entretanto, ê condicional: tem de conservai a sua salinidade. Mas, em termos precisos, o sal nunca podo perder a sua salinidade. Entendo que o cloreto de sódio é um produto químico muito estável, resistente a quase todos os ata quês. Não obstante, pode ser contaminado por impurezas, tornando-se, então, inútil e até mesmo perigoso. O sal que perdei a sua propriedade de salgar não serve nem mesmo para adubo isto é, fertilizante. O Dr. David Turk me explicou que, naquele tempo, chamava-se de "sal" um pó branco (talvez apanhado i volta do Mar Morto), o qual, embora contivesse cloreto de sódio também continha muita coisa mais, pois antigamente não existiam refinarias. Nesse pó, o cloreto de sódio era provavelmente o componente mais solúvel e, portanto, o que mais facilmente desaparecia. O resíduo de pó branco ainda parecia ser sal, e sem dúvida era chamado de sal, mas não tinha o seu gosto nem agia como tal. Não passava de pó do chão.


Da mesma forma, o cristão. "Tende sal em vós mesmos" disse Jesus em outra ocasião. A salinidade do cristão é o sei; caráter conforme descrito nas bem-aventuranças, ê discipulado cristão verdadeiro, visível em atos e palavras. Para ter eficácia, o cristão precisa conservar a sua semelhança com Cristo, assim como o sal deve preservar a sua salinidade. Se os cristãos forem assimilados pelos não-cristãos, deixando-se contaminar pelas impurezas do mundo, perderão a sua capacidade de influenciar. A influência dos cristãos na sociedade e sobre a sociedade depende da sua diferença e não da identidade. O Dr. Lloyd-Jones enfatizou: "A glória do Evangelho é que, quando a Igreja é abso¬lutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai. É então que o mundo se sente inclinado a ouvir a sua mensagem, embora talvez no princípio a odeie." Caso contrário, se nós, os cristãos, formos indistinguíveis dos não-cristãos, seremos inúteis. Teremos de ser igualmente jogados fora, como o sal sem salinidade, "lançado fora" e "pisado pelos homens". "Mas que decadência!", comenta A. B. Bruce, "De salvadores da sociedade a material de pavimentação de estradas!"

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