quinta-feira, março 22

Delírio e Insensatez - John Gresham Machen (1881-1937)



Sei que algumas pessoas sustentam — por um verdadeiro delírio de insensatez, segundo me parece — que as palavras de Jesus pertencem a uma dispensação da lei que completou-se com a sua morte e ressurreição, e que, portanto, o ensino do Sermão do Monte, por exemplo, não se aplica à dispensação da graça, na qual estamos vivendo.


Bem, que os tais se voltem para o apóstolo Paulo, o apóstolo que ensinou que não estamos debaixo da lei mas debaixo da graça. Que diz ele sobre o assunto? Fala da lei de Deus como sendo algo sem validade nesta dispensação da graça divina?


De modo algum. No segundo capítulo de Romanos, bem como (por inferência) em todas as demais epístolas suas, ele insiste na universalidade da lei de Deus. Até mesmo os gentios, ainda que não conheçam aquela manifestação clara da lei de Deus tal como era encontrada no Velho Testamento, têm a lei de Deus escrita em seus corações, e são indesculpáveis quando desobedecem.

Os cristãos em particular, Paulo insiste, na verdade estão longe de poderem emancipar-se do dever de obediência aos mandamentos de Deus. O apóstolo considera qualquer idéia nesse sentido como o pior dos erros. Paulo diz: "Ora, as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias, e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam".

Erro da pior espécie é o de colocar os ensinos de Paulo e dos apóstolos em oposição às palavras do Senhor, e imaginar que se contradizem mutuamente ou referem-se a dispensações diferentes. Os evangelhos são a base sobre a qual as epístolas constroem. O livro de Tiago, por exemplo, é como se fosse um comentário do Sermão do Monte. Os que desejam consignar o Sermão do Monte a uma outra era ainda têm de lidar com o fato de que quase todos os seus princípios são reafirmados e expandidos mais tarde por outros autores do Novo Testamento.

Embora o evangelho não estivesse plenamente completado até a morte e ressurreição de Jesus, os seus elementos todos aparecem claramente em sua pregação. Cada um dos apóstolos, tendo escrito sob inspiração, sublinhou e ampliou a verdade do evangelho segundo Jesus.

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