sexta-feira, junho 1

Uma Igreja missional mergulha na cultura // Mark Discroll


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 igreja missional sabe que Deus lhe confiou uma missão a ser realizada em um tempo, em um lugar e para um povo. Foi exatamente isso que Paulo declarou no Areópago, em Atos 17, explicando que Deus não apenas nos criou, mas também deter­minou quando e onde viveríamos de acordo com sua mão providencial. Sabendo que quando nascemos e onde vivemos fazem parte do propósito de Deus para nossa vida, juntos, como igreja, prestamos bastante atenção ao local para onde Deus nos enviou.
Para construir sobre um tema bíblico, se o evangelho é a semente da obra poderosa de Deus na nossa vida e no mundo, então a cultura é o solo no qual a semente é plantada. Portanto, antes de iniciar um ministério, a igreja missional primeiramente examina a cultura, ou o solo, no qual ela pretende que o evangelho seja arraigado. Entender as propriedades do solo ajuda a igreja missional a descobrir que ervas daninhas do pecado moral e erro teológico terão que ser removidas para que não impeçam o crescimento do evangelho e da igreja.
Uma igreja missional se esforça para entender as pessoas para as quais Deus a enviou. Ela busca conhecer a cultura e as pessoas melhor do que qualquer outra orga­nização ou até mesmo empresa, para que Jesus possa ser apresentado de forma mais efetiva, persuasiva e cativante. O oposto de uma igreja missional é aquela que simples­mente copia as melhores práticas de outras igrejas, inseridas em outros contextos cul­turais, e busca aplicá-las em um tempo e lugar diferentes. Essas igrejas são muitas vezes tão bem sucedidas quanto um fazendeiro determinado a cultivar laranja no Alaska, depois de ver tantas plantações de laranja durante uma viagem para a Califórnia.
O pastor que lidera uma igreja missional deve ser não somente um missionário, mas também missiólogo. O missionário é uma pessoa que pode trazer o evangelho às pessoas de uma maneira culturalmente eficiente. O missiólogo é uma pessoa que estuda as diferentes culturas e subculturas em uma comunidade para ajudar a treinar todos os missionários a serem eficientes. O missiólogo propositalmente investiga a cultura da comunidade ao redor da igreja, buscando conhecer as oportunidades e os obstáculos ao evangelho.
O segredo é fazer o mesmo que Paulo fez quando chegou a Atenas: mergulhar na cultura local e verificar o que está acontecendo, como forma de entender as pessoas e descobrir quais são os seus ídolos. Como Paulo, oro para que o Espírito me ajude a ver como o evangelho é verdadeiramente a única resposta para os desejos daquela comu­nidade por segurança, espiritualidade, amor, amizade e alegria. Portanto, envolvo-me com a cultura não por entretenimento, mas para fazer uma observação missional por motivos teológicos, com o propósito de descobrir os pecados e ídolos que substituem o evangelho de Jesus como fonte de esperança e objeto de adoração. Enquanto faço isso, oro continuamente para que meu coração e minha mente se mantenham limpos e não sejam corrompidos pelo mundanismo. Tendo dito isso, é útil para um bom missi­ólogo fazer regularmente o seguinte para que possa ver a cultura e seus efeitos. [1]

Assistir à televisão

Os missiólogos assistem a tudo que se passa na televisão, menos material pornográfico, claro. Para fazer isso, você precisará de um TiVo* ou outro aparelho para gravar pro­gramas de televisão diversos. Em casa temos três TiVos, um para nossos cinco filhos, com programas apropriados para a idade deles, e dois para mim, protegidos por senha. Gravo um pouco de tudo e tento me manter sempre atualizado com os programas mais populares direcionados para diversos grupos de idade e gênero. Também procuro pro­gramas inovadores, que são criados a titulo de experiência, buscando descobrir se há um novo mercado. Ter a capacidade de passar para frente é uma grande vantagem, pois economiza tempo. Sempre paro para assistir a alguns comerciais, pois eles também contêm informações sobre nossa cultura. Enquanto assisto, oro e faço anotações no diário que carrego comigo para todo canto.

Navegar pelas estações de rádio

Não passo muito tempo dirigindo, mas quando passo, aproveito para navegar pelas estações de rádio voltadas para cristãos, não-cristãos, homens, mulheres, democratas, republicanos, fãs esportivos, etc. Assim, fico a par de quais são as questões que mais despertam o entusiasmo dos diversos grupos de pessoas. Essa é uma ferramenta para se adquirir conhecimento sobre a cultura, principalmente para os pregadores que estão procurando exemplos da vida real para conectá-los às verdades bíblicas.

Andar no shopping center

Mais do que qualquer outro lugar, o shopping é o lugar que mais oferece oportunidades para o aprendizado missional. Uma das melhores formas de aprender no shopping é visitá-lo durante o horário escolar, quando está mais vazio e os funcionários das lojas, extremamente entediados, ficam felizes em lhe contar sobre as pessoas que entram na loja, o que elas compram e sobre o que conversam.

Prestar atenção no supermercado

Já que todo mundo vai ao supermercado, ele é um lugar fascinante para aprender sobre as pessoas, principalmente aquelas que ficam na ala de alimentos orgânicos. Além disso, os supermercados são o lugar ideal para observar os produtos que são vendidos e como eles são posicionados para fins de propaganda. Um supermercado que estudei abrigava um pequeno restaurante, além de uma cafeteria, em uma área com uma grande lareira e várias poltronas confortáveis. Muitas pessoas ficavam ali o dia todo sem comprar nenhum produto do supermercado.

Observar a prateleira de revistas

Em uma grande prateleira de revistas, tais como aquelas nas livrarias, há horas de aprendizado gratuito sobre nossa cultura. Primeiro, observo as categorias de revistas, pois elas representam as diversas tribos da nossa cultura. Em seguida, observo as capas das revistas, pois elas representam a visão de céu de cada tribo. Assim, estar em forma, ter um carro novo ou uma casa bem decorada não é nada menos que um falso céu sendo vendido por meio de um evangelismo de revista. Então, abro as revistas para ler sobre o que as pessoas estão pensando, com que se preocupam e o que cultuam. Enquanto faço isso, oro a Deus, pedindo que ele me revele os ídolos das pessoas e me mostre como oferecer-lhes o evangelho como a única resposta.

Prestar atenção aos jovens

Independentemente de isso ser bom ou ruim, a maior parte das tendências culturais começa entre os jovens. Assim, os pais de filhos adolescentes possuem uma vantagem cultural, pois vivem em proximidade com as novas gírias, as tendências da moda, as inovações tecnológicas e os comportamentos morais. Qualquer pessoa que não tenha contato com adolescentes não está em uma posição estratégica para ser um bom mis­sionário que reconhece as tendências culturais.

Conversar com as pessoas

Converse com as pessoas que conversam com pessoas. Algumas pessoas podem ajudá-lo a aprender mais sobre sua cultura local: caixas de banco, funcionários de supermer­cado, corretores de imóveis, conselheiros nas escolas públicas, repórteres e outros estão constantemente em contato com um grande número de pessoas, absorvendo informações essenciais.

Usar a Internet

Pela Internet, você pode descobrir quais websites as pessoas acessam regularmente e como elas descrevem a si mesmas nas diversas redes sociais. É provável que você possa aprender muito sobre as pessoas na sua vizinhança se lhes perguntar se elas utilizam a Internet ou escrevem um blog, e depois ler o que elas escrevem e ler o que elas leem ou escrevem na Internet.

Quebrar a rotina

A vida da maioria das pessoas é uma rotina previsível, por isso, às vezes, elas precisam ir a um lugar onde normalmente não iriam a fim de observar o que as outras pessoas estão fazendo. Certa vez visitei uma cidade fora dos Estados Unidos e preguei no culto da manhã em uma igreja bem grande e cheia de idosos. Fiquei curioso para descobrir aonde os jovens daquela cidade iam, por isso, quando retornei ao hotel, perguntei a um jovem que trabalhava lá aonde as pessoas da idade dele iam. Ele me disse que havia uma rua cheia de bares e clubes noturnos que ficavam praticamente vazios antes da meia-noite. Então, com a intenção de sair à noite, tirei uma soneca e saí com alguns outros pastores para andar pela cidade e ver essa rua: estava lotada de milhares de jovens profissionais que moravam e trabalhavam na cidade – que oportunidade é, para as pessoas da igreja, frequentar um lugar de maneira a trazer Jesus para ele.

[1]  Alguns desses pontos foram adaptados da apresentação de James Gilmore, intitulada “Decoding the Future, the Phoniness, and the Shifting Sands” na Conferência Resurgence de 2008: Texto e Conteúdo. Você pode baixar o áudio e o vídeo desta apresentação pelo link: http://theresurgence.com/text_and_con­text_media.
*TiVo é uma marca popular de gravador de vídeo digital que permite ao usuário capturar a programação televisiva para armazenamento em disco rígido (HD), para posterior visualização.

MARK DRISCOLL & GERRY BRESHEARS

Igreja Vintage

Questões Atemporais e Métodos Modernos
Clareza e fidelidade bíblicas sobre o que é a igreja em relação à cultura são cada dia mais difíceis de serem encontradas na nossa cultura dominada pelo consumismo. Igreja Vintage se destaca como um livro que aborda temas difíceis e está disposto a se manter flexível dentro dos limites da cultura – ambos sem perder um compromisso fervoroso com as Escrituras como nossa fundação sólida.



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