6º capítulo do livro “Nós Desatados”
De J.C.Ryle
1º Bispo da Diocese da Igreja da Inglaterra em Liverpool
“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.(João 3: 3.)
A regeneração é um dos assuntos mais importantes de todos os tempos. As seguintes palavras do nosso Senhor Jesus Cristo a Nicodemos são muito sérias. “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. (João 3: 3.) O mundo passou por muitas mudanças desde que essas palavras foram pronunciadas. Mil e oitocentos anos se passaram. Impérios e reinados surgiram e caíram. Grandes e sábios homens nasceram, trabalharam, escreveram e morreram. Mas ali está a lei do Senhor Jesus, que permanece inalterada. E assim continuará, mesmo que céus e terra passem: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.
Mas o assunto de hoje é de importância peculiar aos membros da Igreja da Inglaterra[1]. Muitas coisas se passaram nos últimas anos, as quais chamaram para si uma atenção especial. A mente dos homens está cheia dela e seus olhos a fixam. A regeneração tem sido discutida nos jornais. A regeneração tem sido falada em sociedades privadas. A regeneração tem sido debatida nas cortes da lei. Certamente esse é o tempo em que todo verdadeiro clérigo deve examinar-se a si mesmo neste quesito, e ter certeza de que suas opiniões estão sólidas. É chegado o tempo em que não podemos nos balançar entre duas opiniões. Devemos conhecer o que defendemos. Devemos estar prontos para explicar nossas crenças. Quando a verdade é atacada, aqueles que a amam devem agarrá-la mais firmemente do que nunca.
Proponho nesse papel atentar para três questões:
I. Primeiro, explicar o que é Regeneração, ou o que nascer de novo significa.
II. Segundo, apresentar a necessidade da Regeneração.
III. Terceiro, expor os sinais e as evidências da Regeneração.
Se conseguir esclarecer esses três pontos, terei prestado um grande serviço aos meus leitores.
I. Primeiro, explicar o que é Regeneração, ou o que nascer de novo significa.
Regeneração é a mudança no coração e na natureza humanos pela qual um homem passa quando ele se torna um verdadeiro cristão.
Não há dúvida alguma de que existe uma imensa diferença entre aqueles que professam e os que se autointitulam cristãos. Por trás de toda disputa, existem sempre duas classes de cristãos aparentes: os que são cristão apenas no nome e na forma e os que são cristãos em obras e em verdade. Nem todos os judeus eram realmente judeus, assim como nem todos os cristãos são realmente cristãos. “Na igreja manifesta”, afirma um artigo da Igreja da Inglaterra, “o mau estará sempre misturado ao bom".
Alguns, como o Artigo 39 declara, são “ruins e estão isentos de uma fé viva", outros, ainda conforme o artigo diz, são feitos conforme a imagem do único filho de Deus, Jesus Cristo, e caminham corretamente em boas obras. Alguns adoram a Deus de forma pífia, outros O fazem em espírito e em verdade. Alguns dão seu coração a Deus, outros o dão ao mundo. Alguns acreditam na Bíblia e vivem conforme suas ordenanças, outros, não. Alguns pecam e condoem-se por isso, outros, não. Alguns amam o Cristo, confiam nEle e servem-nO, outros, não. Resumindo, como pregam as Escrituras, alguns andam pelo caminho estreito, outros, pelo largo; alguns são os bons peixes da rede do Evangelho, outros, os ruins; alguns são o trigo no campo de Cristo, outros, o joio.[2]
Acredito que homem algum, estando ele com os olhos bem abertos, deixará de enxergar isso, tanto na Bíblia quanto no mundo que o rodeia. Seja lá o que ele pense sobre o assunto que escrevo, ele não pode simplesmente negar que existe uma diferença.
Agora, qual é a explicação dessa diferença? Respondo sem hesitar: regeneração ou nascer de novo. Respondo que verdadeiros cristãos são como são porque foram regenerados, e cristãos formais são como são porque não são regenerados. O coração do cristão foi verdadeiramente mudado. Já o coração do cristão apenas no nome, não sofreu alterações. A mudança no coração faz toda a diferença.[3]
Tal mudança no coração é continuamente relatada na Bíblia, sob vários emblemas e figuras.
Ezequiel identifica-a por "tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne” e "dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo." (Ezequiel 11:19; 36:26.).
O apóstolo João algumas vezes a chama por “nascido de Deus”, outras vezes por “nascido de novo" e, ainda, por "nascido pelo Espírito" (Jo 1:13, 3:3,6.).
O apóstolo Pedro, em Atos, chama de “arrependei-vos e convertei-vos.” (At 3:19.).
A epístola aos Romanos fala sobre ela como sendo “ressurretos dentre os mortos." (Rm 6: 13.).
A segunda epístola aos Coríntios chama de “nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Co 5: 17.).
A epístola dos Efésios fala sobre ela como a ressurreição juntamente com Cristo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2: 1); como “despojeis do velho homem, que se corrompe, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef. 4: 22, 24.).
A epístola dos Colossenses chama por “uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos; e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”(Cl 3: 9, 10.).
A epístola de Tito chama de “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.” (Tt 3: 5.).
A primeira epístola de Pedro fala sobre isso como “daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz.” (I Pe 2: 9.).
E a segunda epístola, como “coparticipantes da natureza divina” (II Pe 1: 4.).
A primeira epístola de João chama por “passamos da morte para a vida.” (I Jo 3: 14.).
Todas essas expressões, no final, significam a mesma coisa. Elas todas são a mesma verdade, apenas vistas de lados diferentes. E todas têm o mesmo e único significado. Elas descrevem a mudança radical do coração e da natureza humana – uma perfeita mudança e transformação do interior humano - uma participação na ressurreta vida de Cristo; ou, tomando emprestadas as palavras do Catecismo da Igreja da Inglaterra, "Uma morte para o pecado e um novo nascimento para a retidão."[4]
Essa mudança no coração do verdadeiro cristão é perfeita e completa, tão completa que nenhuma outra palavra se encaixaria tão perfeitamente do que "regeneração” ou “novo nascimento”. Sem dúvida alguma não é nenhuma alteração corporal, externa, mas, indubitavelmente, uma alteração por completo no interior humano. Ela não adiciona nenhuma outra faculdade mental ao homem, mas certamente dá uma nova disposição e inclinação às capacidades que ele já possui. Seu querer é tão novo, seu gosto é novo, suas opiniões são novas, sua forma de ver o pecado, o mundo, a Bíblia, o Cristo é tão nova, que ele se torna um novo homem em todas as suas intenções e propósitos. Tal mudança faz surgir um novo ser. Pode muito bem ser chamado de “nascido de novo”.
Essa mudança não é sempre dada aos cristãos ao mesmo tempo em que se convertem. Alguns nascem de novo ainda crianças e parecem, assim como Jeremias e João Batista, preenchidos com o Espírito Santo já desde o ventre de suas mães. Alguns nascem de novo numa idade mais avançada. A maior parte dos Cristãos provavelmente nasce de novo depois que crescem. Já a vasta multidão de pessoas, e isso é de recear, chega à cova sem nem mesmo ter nascido de novo.
Essa mudança no coração nem sempre começa da mesma formanaqueles que passam pelo novo nascimento depois que crescem.Com alguns, como o apóstolo Paulo e o carcereiro em Filipo, foi uma mudança súbita e violenta, ocorrida com grande aflição de espírito. Com outros, como Lídia e Tiatira, foi mais suave e gradual: seus invernos tonaram-se primavera de forma quase imperceptível por elas. Com alguns a mudança é trazida pelo Espírito trabalhando através de aflições e visitas providenciais.Com outros, e provavelmente aqui se encontra o grande número de verdadeiros cristãos, a Palavra de Deus, pregada ou escrita, é o meio pelo qual são influenciados.[5]
Essa mudança só pode ser conhecida e discernida pelos seus frutos. Seus começos são algo escondido e secreto. Não podemos vê-los. Nosso Senhor Jesus Cristo nos diz da forma mais clara: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3: 8.) Saberíamos se estivéssemos regenerados? Devemos tentar responder à questão examinando o que sabemos sobre os efeitos da regeneração. Esses efeitos são sempre os mesmos. Os caminhos pelos quais verdadeiros cristãos são levados, passando por grandes mudanças, certamente são vários. Mas o estado do coração e da alma para o qual eles são levados é sempre o mesmo. Pergunte-os o que eles acham sobre o pecado, Cristo, santidade, o mundo, a Bíblia e a oração e você os verá como uma única mente.
Essa mudança nenhum homem pode dar a si mesmo ou a outro. Isso seria tão razoável quanto esperar que os mortos se levantassem ou pedir para que um artista desse vida a uma estátua de mármore.Os filhos de Deus "não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Jo 1:13). Algumas vezes a mudança é designada por Deus, o Pai: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança." (I Pe 1:3). Algumas vezes atribuída a Deus, o Filho: “O Filho vivifica aqueles que (Ele) quer.” (Jo 5: 21.) “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dEle.” (I Jo 2: 29.) Algumas vezes é atribuída ao Espírito Santo, e Ele é, verdadeiramente, o grande agente pelo qual ela é sempre efetuada: “O que é nascido do Espírito, é espírito.”(Jo : 6.) Mas o homem não tem poder algum para trabalhar na mudança. Algumas vezes ela está longe, muito longe de seu alcance. “A condição do homem depois da queda de Adão,” diz o décimo artigo da Igreja da Inglaterra, "é tamanha que ele não pode mudar-se a si mesmo pela sua própria força e trabalho, mas pela fé e clamando por Deus”. Nenhum ministro na terra pode dar graça a alguém de sua congregação pelo seu próprio juízo. Ele pode pregar tão verdadeiramente e fielmente quanto Paulo e Apolo, mas de Deus “veio o crescimento" (I Co 3: 6.) Ele pode batizar com água no nome da Trindade, mas a não ser que o Santo Espírito acompanhe e abençoe a ordenação, não haverá morte para o pecado, tampouco nascimento para a retidão. Apenas Jesus, a Cabeça da Igreja, pode batizar com o Espírito Santo. Abençoados e felizes são aqueles que têm tanto o batismo interno quanto o externo.[6]
Acredito que o relato precedente da Regeneração seja bíblico e correto. É essa mudança de coração que distingue a marca de um verdadeiro cristão, a companhia invariável de uma fé justificada em Cristo, a inseparável consequência de uma união vital com Ele e a raiz e o princípio de uma santificação do corpo. Peço a meus leitores que ponderem bem antes de irem mais além. É de extrema importância que nossas visões estejam claras nesse ponto, sobre o que a regeneração verdadeiramente é.
Eu sei bem que muitos não permitirão que a Regeneração seja aquilo que eu acabei de descrever. Eles dirão que a sentença que acabei de dar é, por definição, muito forte. Alguns defendem que Regeneração significa apenas o acesso a um estado de privilégios eclesiásticos ao tornar-se membro da igreja, mas que não significa uma mudança no coração. Alguns nos dizem que um homem regenerado tem certo poder dentro dele que o permite arrepender-se e acredita que seus pensamentos se encaixam, mas que ainda precisa de uma mudança mais ampla a fim de tornar-se um verdadeiro cristão. Alguns dizem que há diferença entre regeneração e nascer de novo. Outros dizem que há diferença entre nascer de novo e conversão.
A tudo isso, tenho uma simples resposta, ei-la: não consigo encontrar tal forma de regeneração falada em qualquer lugar da Bíblia. A regeneração que significa apenas admissão a um estado de privilégio eclesiástico pode ser antigo e primitivo, pelo que eu saiba. Mas algo mais do que isso é preciso. Alguns textos claros da Escritura são necessários, e tais textos ainda precisam ser encontrados.
Essa noção de regeneração é completamente inconsistente com o que João nos dá em sua primeira epístola. Ela torna necessária a invenção de uma teoria ineficaz de que existem duas regenerações, e é altamente calculada com o intuito de confundir as mentes de pessoas sem conhecimento e introduzir falsas doutrinas. É um conceito que parece não corresponder a solenidade com a qual nosso Senhor introduz o assunto a Nicodemos. Quando Ele disse “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, Ele quis se referir que não poder ver o reino de Deus o que não é admitido para um estado de privilégio eclesiástico? Certamente Ele quis dizer muito mais do que isso. Tal espécie de regeneração um homem pode ter, como Simão, o Mago, e, mesmo assim, nunca ser salvo. Essa regeneração ladrão arrependido jamais poderia ter sentido ou experimento, mas mesmo assim, se acha ao Reino de Deus. Com certeza Ele quis dizer uma mudança de coração. Quanto à ideia de que existe alguma distinção entre ser regenerado e ser nascido de novo, essa não terá investigação. É de senso comum entre todos os que conhecem grego, que essas duas expressões significam a mesma coisa.
Para mim, realmente, parece existir muitos conflitos de ideias e apreensões indistintas na mente humana quanto a essa questão - o que a regeneração realmente é - e todas surgindo simplesmente por não aderirem à Palavra de Deus. Que um homem é admitido a um estado de grande privilégio quando ele se torna membro de uma pura Igreja de Cristo, isso eu não nego em momento algum.Que sua alma está numa posição muito melhor e bem mais vantajosa do que se não pertencesse à igreja, isso eu nem sequer questiono. Que uma larga porta foi aberta perante sua alma, a qual não é posta diante do pagão, isso eu posso claramente ver.Mas em momento algum vejo a Bíblia nomeando esse acontecimento como Regeneração. E não encontro um único texto na Escritura que autorize tal suposição. É muito importante na teologia distinguir as coisas que se diferem. Os privilégios na Igreja são uma coisa; a Regeneração, outra. Quanto a mim, não ouso confundi-las.[7]
Estou bem ciente de que grandes e bons homens tem se agarrado a essa baixa visão da Regeneração advertida por mim.[8] Mas quando a doutrina do eterno Evangelho está em jogo, não posso chamar nenhum homem de mestre. As palavras do velho filósofo nunca devem ser esquecidas: “Eu amo Platão, eu amo Sócrates, mas amo a verdade mais do que a ambos”. Digo sem hesitar que aqueles que defendem a visão de que existem duas regenerações, não são capazes de trazer nenhum texto claro que comprove isso. Acredito firmemente que nenhum leitor da Bíblia jamais encontraria esse ponto de vista; e isso me é suficiente para suspeitar de que essa é uma ideia da cabeça humana. A única regeneração que vejo nas escrituras não é uma mudança de estado, mas de coração. Essa é a visão, mais uma vez afirmo, que o Catecismo da Igreja prega quando fala de “morte para o pecado e novo nascimento para a retidão”, e é nessa visão que eu acredito.
A doutrina diante de nós é de vital importância. Não é problema de nomes, palavras ou formas sobre o que escrevo. Se seremos salvos, isso é algo que devemos sentir e saber por experiência, cada um por si só. Tentemos nos familiarizar com isso. Não deixemos que o rumor e a fumaça da controvérsia desvie nossa atenção de nossos corações. Nossos corações estão mudados? É um trabalho difícil discutir, argumentar e disputar sobre regeneração se, no final, não sabemos nada sobre ela.
II. Deixe-me mostrar, em segundo lugar, a necessidade que temos em ser regeneradores ou nascidos de novo.
Essa necessidade fica mais clara através das palavras do nosso Senhor Jesus Cristo, no terceiro capítulo do evangelho de João.Nada pode ser mais claro e positivo do que o que Ele fala a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. “Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo" (Jo: 3: 3, 7.)
As razões para essa necessidade são o pecado e a corrupção excessiva de nossos corações primitivos. As palavras de Paulo aos Coríntios são perfeitas: “Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura” (I Co 2: 14.) Assim como os rios correm para a foz, faíscas voam pelos céus e pedras caem no chão, assim o coração do homem naturalmente se inclina para o mal. Amamos os inimigos de nossas almas e odiamos os amigos delas. Nós chamamos o bem de mau e o mau de bom. Regozijamo-nos no pecado, mas não vemos prazer algum em Cristo. Não apenas cometemos pecado, mas também o amamos. Não precisamos somente limpar-nos da culpa do pecado, mas também precisamos ser libertos de seu poder. O tom natural, o preconceito e a correnteza de nossas mentes devem ser completamente alterados. A imagem de Deus, que foi manchada pelo pecado, deve ser restaurada. A desordem e a confusão que reina em nós devem ser posta de lado. As primeiras coisas já não devem mais ser as últimas, nem as últimas as primeiras. O Espírito deve deixar entrar a luz em nossos corações, colocar tudo em seu devido lugar e criar coisas novas.
Sempre deve ser lembrado que existem duas coisas distintas que o Senhor Jesus Cristo faz para todo pecador salvo por Ele. Ele o lava de todos os seus pecados com o Seu próprio sangue e dá o perdão de graça: isso é justificação. Ele coloca o Espírito Santo no seu coração e faz dele uma pessoa completamente nova: isso é regeneração.
Ambas são absolutamente necessárias para a salvação. A mudança de coração é tão necessária quanto o perdão; e o perdão é tão necessário quanto a mudança de coração. Sem o perdão, não temos nem o direito nem o título para irmos ao céu. Sem a mudança, não deveríamos estar reunidos nem prontos para desfrutar do céu, mesmo se chegarmos nele.
Regeneração e justificação nunca andam separadas. Nunca são encontradas isoladas. Todo homem justificado também é regenerado, e todo homem regenerado é justificado. Quando o Senhor Jesus Cristo dá ao homem remissão dos pecados, Ele também dá arrependimento. Quando Ele concede paz com Deus, Ele também concede "poder para se tornar filho de Deus”. Existem duas grandes máximas do glorioso Evangelho que nunca devem ser esquecidas. Uma é: “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16:16.), a outra: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle” (Rm 8: 9.)
O homem que nega a necessidade universal da regeneração sabe pouquíssimo sobre a corrupção do coração. Aquele que fantasia que o perdão é tudo o que precisamos para chegarmos ao céu, e não vê que o perdão sem a mudança de coração é um presente inútil, é um cego. Bendito seja Deus, pois ambos nos são oferecidos gratuitamente pelo Evangelho de Cristo e porque Jesus está apto e disposto a nos dar tanto um, quanto outro!
A A grande maioria das pessoas no mundo não vêem nada, não sentem nada e não sabem nada de religião como deveriam. Como e por que isso ocorre, não é a presente questão. Apenas a coloco no consciente de cada leitor deste volume. Não é isso verdade?
Diga-lhes sobre o pecado em muitas ações que eles praticam continuamente, e o que é geralmente a resposta? "Eles não vêemmal algum".
Avise-os sobre o grande perigo pelo qual suas almas passam, o pouco tempo que tem, a proximidade da eternidade, a incerteza da vida, a realidade do julgamento. Eles não sentem medo.
Pregue-lhes sobre a necessidade de um Salvador poderoso, amoroso e divino e sobre a impossibilidade de serem salvos do inferno, exceto pela fé nEle. Tudo cai de pisado e morto em seus ouvidos. Eles não vêem tamanha barreira entre eles e o céu.